Novo remédio contra o Colesterol precisa ser aplicado somente duas vezes ao ano!

remédio contra Colesterol aplicado duas vezes ao ano

Foi concedida aprovação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 19 de junho a um novo medicamento que pode diminuir o risco de infarto e derrame em indivíduos que já passaram por esses problemas e estão mais propensos a enfrentá-los novamente. Trata-se de uma injeção chamada inclisirana, fabricada pela empresa farmacêutica Novartis, cujo objetivo é controlar o colesterol LDL (colesterol ruim), um dos principais fatores de risco para esses eventos cardíacos.

Esse medicamento age bloqueando temporariamente a produção de uma proteína chamada PCSK9, que é responsável pela degradação dos receptores que captam o LDL do sangue e o levam ao fígado para ser eliminado. Ao bloquear essa enzima, o corpo do paciente tem melhores condições de se livrar do colesterol ruim, evitando seu acúmulo nas artérias e, consequentemente, reduzindo o risco de infarto ou derrame.

De acordo com uma série de estudos que comprovaram a eficácia e segurança da inclisirana, apenas duas aplicações por ano podem reduzir em média 52% dos níveis de LDL. Esses estudos foram realizados em pacientes que já estavam recebendo a dose máxima tolerada de estatinas, o principal medicamento atualmente utilizado para esse propósito, mas ainda não haviam alcançado a meta de redução de acordo com seu risco cardiovascular.

Em comparação, um estudo chamado Woscops, utilizado como referência pelo Ministério da Saúde do Brasil para doenças cardíacas e medidas preventivas, mostra que as estatinas sozinhas conseguem reduzir apenas cerca de 26% do colesterol. Portanto, os dois medicamentos poderão ser combinados para obter um efeito maior contra o LDL.

A inclisirana já está sendo vendida na União Europeia desde 2020 e nos Estados Unidos desde 2021, segundo a Novartis. A expectativa é que o produto esteja disponível nas farmácias brasileiras em aproximadamente 90 dias, após a conclusão dos trâmites regulatórios pela Anvisa. O preço ainda não foi definido, pois depende de avaliação pela Anvisa.

O aumento do colesterol ruim (LDL) é um problema cada vez mais comum devido ao estilo de vida da população, que se baseia cada vez mais em alimentos ultraprocessados, ricos em sódio, gorduras e açúcar, e na falta de atividade física, afirmam especialistas ouvidos pelo Estadão. Quando presente em quantidades significativas na corrente sanguínea, esse colesterol ruim não é totalmente absorvido pelo organismo, o que pode resultar no entupimento das artérias (aterosclerose) e levar a infarto e/ou derrame.

Segundo a Associação Americana de AVC, uma em cada quatro pessoas que sobrevivem a um infarto ou derrame relacionado à formação de coágulos enfrentará outra situação de emergência, criando um efeito cascata. Não é surpresa, portanto, que as doenças cardiovasculares sejam aprincipal causa de morte no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, e no mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

  • Remédio contra Colesterol aplicado duas vezes ao ano

Os Pacientes: Remédio contra Colesterol aplicado duas vezes ao ano

“Pacientes que já sofreram um ataque cardíaco ou derrame precisam não só reduzir o colesterol LDL, mas controlá-lo, isto é, mantê-lo abaixo de 50 mg/dL”, afirma Raul Santos, cardiologista do InCor-HCFMUSP (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

Atualmente, 92,6% dos pacientes que sofreram um infarto não conseguem atingir esse nível seguro de colesterol ruim, de acordo com um estudo realizado com mais de 1.400 pacientes em Curitiba, no Paraná, e publicado na National Library of Medicine.

A inclisirana é indicada para adultos que possuem hipercolesterolemia primária (causada por fatores genéticos ou comportamentais) e dislipidemia mista (quando os níveis de colesterol ruim e triglicerídeos estão elevados). Ela deve ser prescrita por um médico, levando em consideração a avaliação do quadro clínico do paciente.

“Mesmo mudando os hábitos de alimentação e fazendo atividade física, é muito difícil para esses pacientes de alto risco cardíaco conseguirem atingir a marca de segurança em termos de colesterol”, conta Santos. 

Além de ser mais eficaz do que as estatinas na redução do colesterol, a inclisirana é administrada por injeção apenas duas vezes por ano, enquanto as estatinas precisam ser tomadas diariamente por via oral. Dessa forma, a injeção reduz a possibilidade de o paciente abandonar o tratamento ao longo do tempo. Além disso, ela apresenta menos efeitos colaterais, pois atinge diretamente o fígado, sem passar pelo estômago.

No entanto, a disponibilidade do medicamento é uma questão em aberto. A Novartis pretende discutir com as autoridades de saúde pública a inclusão da inclisirana no Sistema Único de Saúde (SUS) para possibilitar seu uso em larga escala. No entanto, medicamentos desse tipo costumam ser caros devido ao alto nível de tecnologia envolvido em seu desenvolvimento. Portanto, é provável que o medicamento não esteja disponível no SUS até que ocorra a quebra de patente, o que pode levar cerca de dez anos e possibilitar a produção de genéricos.

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Medicamento traz esperanças para pacientes com risco de Infarto e AVC

Apesar disso, a inclisirana traz esperanças de melhoria no cenário nacional em relação a infarto e AVC. Os especialistas aguardam resultados positivos nos próximos anos, com base nos resultados promissores em relação à redução do colesterol e nas características específicas do medicamento.

A pesquisa encomendada pela Novartis à Ipsos, especialista em pesquisas de mercado e opinião pública, mostrou que 64% dos brasileiros desconhecem seu risco cardiovascular e a meta de LDL necessária para reduzir a probabilidade de um ataque cardíaco ou derrame. Embora 80% dos entrevistados estejam familiarizados com o termo “colesterol”, quando questionados sobre suas preocupações em relação a doenças cardiovasculares e condições clínicas, o colesterol ruim descontrolado foi considerado o “menos preocupante”. Enquanto isso, o infarto e o AVC, problemas diretamente relacionados ao excesso de LDL no sangue, lideraram a lista.

Ainda não existem estudos que confirmem a eficácia da inclisirana na redução efetiva do risco de infarto e AVC, nem em relação à taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares. No entanto, os resultados promissores em relação à diminuição do colesterol LDL e as características do medicamento trazem esperança aos especialistas, que aguardam números positivos nesse sentido nos próximos anos.

Um ponto de dúvida é o acesso à injeção. O diretor médico da Novartis, Lenio Alvarenga, afirma que a empresa pretende discutir com as autoridades de saúde pública a inclusão do medicamento no Sistema Único de Saúde (SUS), para que ele possa ser utilizado em larga escala. No entanto, o cardiologista Andrei Sposito destaca que medicamentos desse tipo tendem a ser caros, devido ao alto nível de tecnologia envolvido em seu desenvolvimento. Portanto, é provável que o acesso ao medicamento pelo SUS seja limitado até que ocorra a quebra de patente, daqui a cerca de dez anos, permitindo a produção de genéricos.

Em resumo, a inclisirana é um novo medicamento aprovado pela Anvisa que tem como objetivo reduzir o risco de infarto e AVC em pacientes que já tiveram esses problemas. Ele age bloqueando temporariamente uma proteína responsável pela degradação do LDL, contribuindo para a diminuição do colesterol ruim. Embora ofereça promessas de melhoria na prevenção de doenças cardiovasculares, seu acesso e impacto concreto ainda são questões a serem resolvidas.

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