Prevenção contra o câncer de próstata é essencial

Prevenção contra o câncer de próstata é essencial

No Novembro Azul, mês mundial de conscientização e combate ao câncer de próstata, as campanhas se intensificam. É o segundo tipo de câncer de maior incidência na população masculina em todas as regiões do país. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima 71.730 novos casos por ano, para o triênio 2023-2025, no Brasil — 460 deles no Distrito Federal, onde foram registrados 175 óbitos por causa da enfermidade em 2021.

O servidor público Vantuil Paulo de Santana, 57 anos, passou por tratamento até o início deste ano. Ele, como tantos outros homens, demorou a investigar sintomas que vinha sentindo há um bom tempo. Seis anos atrás, o médico disse que ele tinha um inchaço na próstata, que seria causado pela idade. “Na ressonância magnética, deu que estava tudo certo”, lembra. O urologista, no entanto, pediu-lhe que voltasse ao consultório três meses depois.

Vantuil retornou entre quatro e cinco anos depois. “Sentia que o jato da urina estava fraco e ia várias vezes ao banheiro, durante a noite. Estava com medo de ir ao médico. Quando finalmente fui, meu exame de antígeno prostático específico (PSA) estava em 23, sendo que a partir de 3 é preocupante”, relata. Oito dias depois, o resultado tinha subido para 26, o que fez o médico decidir pelo tratamento de prostatite (hiperplasia benigna), com antibióticos.

Não surtiu efeito. O PSA chegou a 40, um mês depois. Após o exame de toque, a ressonância e a biópsia, o câncer foi confirmado. “Foi um balde de água fria. Perguntei ao médico se havia chegado aos 45 minutos do segundo tempo e ele respondeu que, na verdade, já estava na prorrogação”, recorda, emocionado.

A próstata de Santana foi retirada totalmente, há um ano e meio. Ele passou por 24 sessões de radioterapia, finalizadas em dezembro de 2022, e por tratamento de bloqueio hormonal, até fevereiro deste ano. Hoje, não necessita de medicamentos, mas precisa fazer exames de monitoramento com frequência. “Depois do câncer, a gente fica na paranoia, achando que qualquer coisa é a doença voltando. Quando chega perto de fazer os exames, bate a ansiedade”, revela.

Em razão dessa experiência, ele dá um recado aos homens. “Quem tem orgulho para fazer o exame do toque, tem que parar com isso. Ninguém vai ser menos homem por isso. É um exame muito simples. Passou dos 40, faça o exame anualmente. Na pior das hipóteses, você vai ter 98% de chance de cura. Arrependo-me muito de não ter voltado logo ao médico. Mas, graças a Deus, não tive metástase e pude fazer a operação”, aconselha o morador da Vila Planalto.

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Quando fazer o exame

Não há consenso entre duas importantes instituições acerca da frequência quanto aos exames preventivos. Renata Maciel, chefe da Divisão de Detecção Precoce do Instituto Nacional do Câncer (Inca) — órgão que norteia os atendimentos na rede pública —, informa que o Ministério da Saúde não orienta mais que sejam anuais.

“A recomendação é que os homens fiquem atentos a qualquer alteração no organismo em relação ao sistema urinário, tais como diminuição do jato da urina, necessidade de urinar mais vezes, tanto durante o dia quanto à noite, dificuldade de começar e finalizar o xixi e, o mais grave, a presença de sangue na urina”, enumera.

Renata acrescenta que todos os homens precisam estar atentos à saúde. “A partir dos 55, as estatísticas apontam um aumento significativo de incidência de câncer de próstata. Os fatores de risco são idade avançada (maior incidência de diagnóstico é aos 65 anos) e histórico familiar de pais, irmãos e tios antes dos 60. Sobrepeso e obesidade também são fatores que influenciam, porque, nesses casos, há maiores chances de surgimento de cânceres em estágio avançado”, explica. Ela também alerta que os cuidados são válidos para todas as pessoas com próstata, incluindo mulheres trans.

Divergência

De outro lado, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc) recomenda os exames preventivos a partir dos 50 anos. Com histórico familiar, a idade cai para os 45 ou 10 anos antes do caso chamado índice. “Se o seu pai teve diagnóstico aos 45, comece a fazer os exames aos 35”, detalha Oren Smaletz, oncologista clínico, membro do Comitê de Tumores Geniturinários da Sboc.

Sobre o tratamento, o especialista diz que vai depender do estágio da doença. “Se o câncer ainda está localizado, radioterapia e cirurgia são os possíveis tratamentos. Para os casos avançados, o tratamento deve ser sistêmico, abrangendo próstata e outros órgãos atingidos, com hormonioterapia. Mas existem, também, aqueles casos que nenhum tratamento é recomendado, quando a doença é indolente. O médico faz a vigilância ativa, com exames de toque, PSA e ressonância magnética. Se houver alterações importantes, algum tratamento é feito”, complementa.

Importante lembrar que tanto o Inca quanto a Sboc consideram o cuidado com a saúde como medida preventiva essencial, com práticas de atividade física, não fumar, evitar a ingestão de bebida alcoólica, dieta balanceada e manter-se na faixa de peso ideal.

Sintomas

Na fase inicial, o câncer de próstata pode não apresentar sintomas. Quando existem, os mais comuns são:

  • Dificuldade de urinar;
  • Demora em começar e terminar de urinar;
  • Sangue na urina;
  • Diminuição do jato de urina;
  • Necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite.

Exames preventivos

O Ministério da Saúde recomenda os exames abaixo mediante suspeita de câncer de próstata, enquanto a Sociedade Brasileira de Oncologia (Sboc), orienta que sejam feitos anualmente, a partir dos 40 anos para homens com histórico familiar da doença e a partir dos 50 para os demais.

  • PSA: para medir o antígeno prostático específico, que é uma proteína produzida pela próstata e está disponível no sangue e no sêmen;
  • Toque: a finalidade de avaliar o tamanho, o volume, a textura e a forma da próstata.
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Fonte: Correio Braziliense