Novo miniórgão é descoberto em células de mamíferos

Novo "miniórgão" é descoberto em células de mamíferos

Cientistas da universidade ETH Zurique, na Suíça, descobriram uma organela inédita presente nas células de mamíferos. O “miniórgão” pode estar relacionado a doenças autoimunes e pode ajudar a aprofundar nossa compreensão de como os núcleos celulares evoluíram.

A organela, batizada pelos cientistas de “exclusoma”, foi descrita em 21 de setembro na revista Molecular Biology of the CellEssa estrutura encontrada no citoplasma celular é feita de anéis de DNA conhecidos como plasmídeos.

A descoberta de DNA na organela é excepcional porque as células eucarióticas (células com núcleo) normalmente mantêm a maioria do material genético em seu núcleo, onde ele é organizado em cromossomos.

Alguns dos plasmídeos do “exclusoma” vêm de fora da célula, enquanto outros, os chamados anéis teloméricos, vêm dos “capuzes” que ficam nas pontas dos cromossomos, os telômeros.

Gatilho de resposta autoimune

Pela primeira vez, os cientistas mostraram que o núcleo elimina os anéis teloméricos e os deposita no citoplasma junto dos plasmídeos de fora da célula dos mamíferos. Isso prova que as células são capazes de diferenciar seu próprio DNA do material genético estranho.

“É uma das funções-chave de higiene que as células desempenham para proteger os cromossomos”, explica a coordenadora do estudo, Ruth Kroschewski, do Instituto de Bioquímica da ETH, em comunicado.

Kroschewski acredita que o “exclusoma” possa desempenhar um papel na memória imunológica celular. Ela e sua equipe supõem que uma proteína estudada por biólogos há muitos anos se ligue aos anéis de DNA presentes da organela, resultando na “ilusão de uma infecção”.

“O corpo continua recebendo o sinal de que o problema ainda está presente”, conta a pesquisadora, acrescentando que o sistema imune não tem escolha senão responder à substância mensageira inflamatória. “E, como a cascata de sinalização pró-inflamatória não diminui, mas continua, isso pode facilitar respostas autoimunes, como o lúpus eritematoso sistêmico“, ela acrescenta.

Origem muito antiga

Segundo a cientista, o “exclusoma” provavelmente remonta aos estágios iniciais evolutivos, quando os eucariotos surgiram. À medida que a evolução avançava, surgiu um mecanismo para garantir que as moléculas de DNA fossem automaticamente envolvidas em uma membrana, assim como ocorre com essa nova organela.

Fonte: Revista Galileu