Sarcopenia: tem cura?

Sarcopenia: tem cura?

A sarcopenia, reconhecida como uma condição pela Organização Mundial da Saúde desde 2016 (CID-10 M 62.84), representa uma alteração na musculatura esquelética, geralmente associada ao envelhecimento.

Esta condição é marcada pela diminuição da força e da massa muscular, o que pode, por sua vez, comprometer significativamente o desempenho físico.

O termo “sarcopenia” em si carrega consigo o significado literal de “perda da carne”, indicando claramente a redução da massa muscular, conhecida como massa magra, no corpo.

A perda muscular resultante da sarcopenia não apenas afeta a força física, mas também pode contribuir para a diminuição da mobilidade, aumento do risco de quedas e impacto negativo na qualidade de vida.

A incidência da sarcopenia no Brasil é mais prevalente entre as mulheres, sobretudo após a menopausa, com uma taxa de 20%, comparada a 12% nos homens.

Estima-se que essa condição afete aproximadamente de 5 a 13% da população com mais de 60 anos, aumentando consideravelmente para até 50% entre aqueles com mais de 80 anos.

Essa disparidade entre os gêneros têm envolvimento dos hormônios sexuais femininos, pois a diminuição dos níveis de estrogênio associada à menopausa pode desempenhar um papel significativo na perda de massa muscular e na redução da força em mulheres mais velhas.

Atingindo níveis ainda mais preocupantes em idosos com mais de 80 anos, a sarcopenia nesta fase da vida pode representar um desafio significativo para a independência funcional e a qualidade de vida.

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O que é sarcopenia?

A sarcopenia é um distúrbio muscular esquelético progressivo e que caracteriza-se pela rápida perda de massa e função muscular.

Essa condição está diretamente associada a uma série de possíveis comprometimentos, tais como quedas, perda da independência, fragilidade e aumento da mortalidade.

Sua ocorrência é comum como um processo relacionado à idade em idosos e é influenciada não apenas por fatores do tempo, mas também por elementos genéticos e de estilo de vida.

Dentre os fatores contribuintes, destacam-se o envelhecimento, falta de atividade física, comprometimento neuromuscular, a resistência ao anabolismo pós-prandial, a resistência à insulina e muito mais.

A identificação precoce da doença é essencial para um tratamento e cuidados são essenciais para prevenir seus desdobramentos adversos.

Quais os sintomas?

O sinal mais claro da sarcopenia é a redução da força e massa muscular, que traz consigo uma variedade de sintomas que podem ter impactos significativos tanto a curto quanto a longo prazo.

Pessoas afetadas frequentemente experienciam:

  • Dificuldades em realizar tarefas diárias, como carregar objetos ou pesos;
  • Caminhar curtas distâncias;
  • Levantar-se sem apoio;
  • Subir degraus;
  • Quedas frequentes;
  • Dificuldade de manter o equilíbrio;
  • Movimentos lentos.

Infelizmente, é comum relatos de quadros depressivos por conta da falta de independência, o que também afeta o manejo do estresse da pessoa.

Esses sintomas podem se desenvolver de maneira gradual, muitas vezes passando despercebidos. O processo é frequentemente encarado como parte natural do envelhecimento, e as limitações resultantes podem ser erroneamente atribuídas à idade.

Complicações

Como vimos, a sarcopenia acarreta uma série de efeitos adversos que vão desde a incapacidade funcional até distúrbios metabólicos, aumentando a vulnerabilidade da pessoa.

Entre essas consequências estão o comprometimento da qualidade de vida, desenvolvimento de:

  • Osteoporose;
  • Dislipidemia;
  • Aumento do risco cardiovascular;
  • Distúrbios e síndromes metabólica e imunossupressão;
  • Prejuízos funcionais.

As consequências dessa condição vão além da mera perda de massa muscular, tendo um impacto em diversos aspectos da saúde e do bem-estar.

Os efeitos negativos da sarcopenia são ainda mais pronunciados em pessoas que apresentam não apenas uma redução da massa muscular, mas também um acúmulo significativo de massa gorda.

Essa condição é conhecida como obesidade sarcopênica e representa uma combinação complexa de fatores de risco, agravando ainda mais os impactos adversos na saúde.

Sarcopenia mata?

Esta condição, que frequentemente acompanha o processo natural de envelhecimento, apresenta consequências graves para a saúde global.

A relação entre sarcopenia e mortalidade está enraizada em diversos mecanismos fisiopatológicos complexos. A perda de massa muscular está intrinsecamente ligada à diminuição da força muscular e ao comprometimento da funcionalidade física.

Isso, por sua vez, resulta em uma série de desdobramentos negativos, como a redução da capacidade de locomoção, a propensão a quedas e a perda da independência funcional.

Além disso, a patologia está associada a uma série de condições de saúde coexistentes, como doenças cardíacas, diabetes e outras doenças crônicas.

Essas condições, quando combinadas com a sarcopenia, aumentam significativamente a vulnerabilidade do indivíduo a complicações de saúde mais sérias, contribuindo para um aumento do risco de óbito.

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Causas da sarcopenia

As origens da sarcopenia abrangem diversos fatores, indo além do simples processo natural de envelhecimento. Entre as causas conhecidas, destacam-se:

Doenças crônicas

A presença de doenças crônicas, como diabetes, doenças cardíacas e condições respiratórias, pode acelerar o processo de sarcopenia.

O impacto dessas condições no metabolismo e na função muscular contribui para a perda de massa muscular e, consequentemente, para a debilitação física.

Estilo de vida

Um estilo de vida sedentário é uma das principais causas da sarcopenia. A falta de atividade física regular compromete a estimulação e o desenvolvimento muscular, resultando na perda progressiva de massa muscular ao longo do tempo.

Perda de mobilidade

A redução da mobilidade, seja devido a lesões, cirurgias ou condições de saúde crônicas, pode contribuir significativamente para o desenvolvimento da sarcopenia. A falta de movimentação adequada limita o estímulo muscular necessário para manter a força e a funcionalidade.

Desnutrição

A desnutrição, caracterizada pela ingestão inadequada de nutrientes essenciais, desempenha um papel crucial na sarcopenia.

A carência de proteínas e outros nutrientes necessários para a saúde muscular compromete a capacidade do corpo de manter e reparar a massa muscular.

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Existe sarcopenia em jovens?

Apesar de a sarcopenia causada principalmente pelo envelhecimento ser considerada uma condição degenerativa, existem casos de jovens possuírem a condição.

A perda de massa muscular, geralmente vinculada ao processo fisiológico do envelhecimento, é denominada sarcopenia primária. Contudo, quando essa condição se manifesta devido a outros fatores além do envelhecimento, é chamada de sarcopenia secundária.

Nesse contexto, a perda de massa muscular em jovens caracteriza-se como sarcopenia secundária, que pode ser desencadeada por:

  • Estilo de vida sedentário;
  • Péssimos hábitos alimentares;
  • Tabagismo;
  • Excesso de bebidas alcóolicas;
  • Predisposição genética;
  • Distúrbios no sistema muscular;
  • Em decorrência de condições como câncer;
  • Entre outros motivos.

Formas de tratamento

A abordagem terapêutica da sarcopenia direciona-se à restauração da massa muscular e ao aumento da massa magra, utilizando uma variedade de estratégias, tais como:

  • Atividades físicas: principalmente as que incorporam exercícios de resistência, como musculação, desempenham um papel fundamental no tratamento da sarcopenia. Esses exercícios visam fortalecer os músculos e promover o desenvolvimento da massa muscular;
  • Fisioterapia: profissionais da área são capazes de empregar técnicas específicas para melhorar a função muscular, restaurar a mobilidade e proporcionar suporte na recuperação do paciente;
  • Acompanhamento nutricional: um acompanhamento nutricional especializado é essencial para estabelecer uma dieta enriquecida em proteínas, fornecendo os nutrientes necessários para a regeneração e crescimento muscular;
  • Suplementação: como whey protein, vitamina D, creatina e BCAA, é uma estratégia utilizada para otimizar os nutrientes essenciais ao desenvolvimento muscular. Esses suplementos contribuem para a síntese de proteínas e melhoram o desempenho durante os exercícios;
  • Reposição de vitamina D: pode ser incluída no tratamento contribuindo para a manutenção e fortalecimento dos músculos.

Ter a supervisão de um profissional especializado é a forma garantir a adequação do plano de tratamento às necessidades individuais, maximizando os benefícios e minimizando riscos.

Tem cura?

Embora a sarcopenia não tenha uma cura definitiva devido a ser um processo natural ao envelhecimento, estudos indicam que é possível controlar essa condição por meio de um plano de tratamento e da manutenção de um estilo de vida saudável, fundamentado em atividades físicas regulares e uma alimentação equilibrada.

A inclusão de alimentos ricos em proteínas, cálcio, colágeno e vitamina D torna-se indispensáveis para uma vida mais balanceada. Esses nutrientes desempenham um papel vital na reconstrução celular e muscular, conferindo maior energia, força e disposição para enfrentar as demandas diárias.

Além do foco na nutrição, alcançar uma vida mais saudável implica em abandonar hábitos prejudiciais, como o consumo de cigarro e álcool, que têm impactos negativos em nosso corpo a longo prazo.

A qualidade do sono também é um fator determinante, pois é durante esse período que nosso organismo se dedica à restauração e reparo dos danos diários.

Como é possível de imaginar, a principal prevenção não somente contra a sarcopenia mas com inúmeras condições associadas à idade é com cuidados em todas as fases da vida, destacando a importância de uma alimentação equilibrada que inclua proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais.

A prática regular de atividade física, de preferência orientada por um profissional especializado contribui para a preservação da massa muscular e promove a saúde geral.

Sem esquecer de realizar consultas periódicas ao médico para monitorar a saúde, identificando precocemente possíveis condições que poderiam impactar negativamente sua longevidade.

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Fonte: Minuto Saudável: